De origem grega, o termo “patologia” significa “estudos das doenças” e é muito utilizado nas ciências biológicas e na medicina. Na Construção Civil, o uso do termo segue o mesmo sentido de busca/estudo das “doenças” das edificações sendo elas, rachaduras, infiltrações entre outros indicadores que além de causar grandes incômodos aos usuários do imóvel, também denunciam erros e problemas que podem em algum ponto comprometer a estrutura.
Selecionamos algumas das patologias mais comuns na construção civil e algumas medidas que podem ser tomadas para evitar seu avanço.
Trincas e fissuras
As trincas e fissuras são fraturas lineares e superficiais no reboco deixando uma aparência desagradável. É um erro comum confundi-las e tratá-las como a mesma coisa, mas algumas diferenças essenciais precisam ser levantadas.
- As microfissuras têm abertura inferior a 0,05 mm.
- As fissuras têm aberturas com até 0,5 mm, estreitas e alongadas.
- As trincas são mais profundas e mais evidentes, maiores de 0,5 mm e menores de 1,0 mm.
Mesmo para fissuras com dimensões menores e superficiais, é preciso que estas sejam corrigidas para que o problema não evolua e se transforme em trincas e rachaduras mais profundas, com capacidade de gerar danos maiores. A maneira mais eficiente de evitar a evolução e retorno periódico do problema, é realizar uma busca para saber o que foi responsável pelo seu aparecimento.
Dentre as causas mais comuns, está a variação de temperatura. Pois a diminuição ou aumento da temperatura, têm influência na dilatação e contração dos materiais. Cada material tem um coeficiente de dilatação térmico, que irá determinar a amplitude dessas variações conforme a sua composição e a intensidade do sol e umidade na região onde a obra se encontra.
Na atualidade que as lajes são de grandes vãos sem vigas e pavimentos rígidos, há a preocupação de observar o processo de retração na cura do concreto. Este item tem causado muito retrabalho e gastos extras nas obras.
Rachaduras
As rachaduras têm abertura maior que um milímetro, o que as torna mais perceptíveis que as fissuras e trincas. Seu aparecimento pode ser causado por recalques de fundação, deformações por excesso de carga, por corrosão de armadura, por erros de cobrimento. Quando o surgimento de rachaduras se dá em grande quantidade, com rápido avanço ou até mesmo em diagonal, as preocupações e cuidados devem ser redobrados.
A sustentação das construções de um ou dois andares, as mais simples, utilizam também a sustentação de esforços baseada nas paredes, enquanto que em estruturas maiores, a sustentação é feita através de pilares, vigas e lajes. Por isso, é preciso ter atenção redobrada ao aparecimento de rachaduras nesses pontos da estrutura.
Infiltração
Negligenciada com frequência, as infiltrações além de causar estragos estéticos na pintura, podem representar um perigo muito maior na sua saúde, com proliferação de bolor e mofo, e na saúde da sua construção com danos nas paredes e materiais metálicos da estrutura.
Seu aparecimento pode acontecer por causas diversas, em fachadas e coberturas a causa mais comum é a ocorrência de chuvas, dentro de casa em ambientes úmidos como banheiro e cozinha costumam ter infiltrações nas paredes e no teto causadas pelo vapor. A infiltração também pode surgir por motivos mais difíceis de decifrar e controlar como umidade do solo e problemas na rede hidráulica do imóvel.
Uma medida básica e eficaz para evitar o surgimento de grande parte dessas infiltrações é a impermeabilização das superfícies que tenham contato constante com água, como cobertura, fachadas, jardineiras suspensas, caixas d’água de concreto de alvenaria, piscinas e varandas.
Outro cuidado é com tubulações embutidas em partes da estrutura, que com deformações grandes podem provocar vazamentos nas tubulações e também ao acontecer rachaduras em paredes onde tubulações encontram-se embutidas.
Corrosão das armaduras de aço
Decorrente de ação de agentes naturais, intempéries e químicos, a corrosão das armaduras do concreto acontece através de um fenômeno chamado carbonatação ou oxidação ou despassivação iônica.
O concreto envolto no aço o protege dos processos corrosivos, enquanto possuirem ambiente alcalino e haver cobrimento suficiente e constante em toda a extensão da peça de concreto. Porém quando os agentes nocivos conseguem penetrar nos poros do concreto e, encontra a umidade no ambiente, forma-se uma acidez com capacidade para deteriorar a estrutura metálica.
Isso pode ocorrer em casos onde as peças da armadura foram colocadas muito próximas da superfície da estrutura, e não possuir um cobrimento suficiente de concreto. Falhas no processo de cura do concreto e vibrações da edificação também podem diminuir a capacidade protetiva do concreto, deixando o aço exposto à corrosão.
Para evitar maiores dores de cabeça, é preciso que tomar medidas de prevenção contra essas patologias ainda nas fases iniciais do projeto e sua execução. Mas se o problema já apareceu, não adie o momento de tomar as providências e encontre um profissional habilitado para avaliar a situação e indicar o tratamento necessário.